domingo, 30 de março de 2008

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.
Vinicius de Moraes
☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆

Um comentário:

  1. Em mim este arrepio,
    rodamoinho indomável dos
    meus escombros,
    e este amor delicado
    em meio ao turbilhão
    leve como o vôo de um pássaro...
    Este sentimento que cresce
    feito uma lua cheia
    resplandescente em meio a
    tantas ruínas...
    Tudo em mim se exalta
    e
    cresce descontroladamente,
    latejante em seu movimento
    que se expande além do meu corpo,
    e esta sensação de grandeza,
    de imensidão inexaurível
    que o silêncio sujere
    sutílmente...

    ResponderExcluir

Parla criança!